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Qual é a literatura do Renascimento espanhol?
o literatura renascentista espanhola é o conjunto de obras literárias produzidas entre os séculos XV e XVI na Espanha. Esses textos eram produto da interação cultural com a Itália, país que naquele momento experimentava seu maior crescimento na criação artística.
A Espanha e a Itália eram dois países intimamente ligados na época. Os estreitos laços políticos, sociais, religiosos e culturais que possuíam serviram de ponte para a troca de um enorme conhecimento que enriqueceu as duas nações.
Os papas Calixto III e Alejandro VI, originários de Valência, foram peças fundamentais na ampliação dos laços entre Roma e Espanha, especialmente aqueles relacionados aos movimentos culturais.
As maiores obras literárias espanholas foram traduzidas e publicadas na Itália e vice-versa. Este intercâmbio foi de grande importância, pois abriu novos horizontes culturais na Península Ibérica, propiciando o Renascimento espanhol.
Contexto histórico
O Renascimento espanhol desenvolveu-se tendo em conta a mentalidade que surgiu na época, e que responde a uma doutrina humanista.
O humanismo propunha o ser humano como centro de tudo, deixando de lado as posições religiosas tanto na ciência quanto na arte, ou teocentrismo.
Por outro lado, significou a emergência do antropocentrismo, ou seja, o humano como medida e referência do mundo, capaz de moldá-lo e dominá-lo.
Este, aliás, foi desenvolvido em conjunto com a reivindicação das antigas culturas e literaturas clássicas (da Grécia e Roma), e é neste período que as formas e conteúdos humanísticos greco-latinos são redescobertos.
Espanha atinge seu máximo esplendor político-militar
Graças à união dos reinos de Castela e Aragão, conseguiu-se a expulsão dos mouros, a chegada à América e a reconquista de Granada, para citar alguns acontecimentos transcendentais.
Essa série de eventos permitiu que a Espanha se posicionasse como uma das monarquias mais influentes e poderosas da época.
Aproveitando esse momento histórico, os espanhóis expandiram seus domínios, chegando inclusive às Filipinas. Se somarmos a isso a autoridade que exerceram sobre os espaços ultramarinos portugueses durante o governo de Felipe II de Portugal, estamos falando de uma grande extensão de território controlada pela aliança castelhano-aragonês.
Estrutura econômica da América
Talvez um dos fatores mais decisivos que condicionou um contexto histórico favorável ao desenvolvimento da literatura renascentista espanhola foi a riqueza trazida da América diretamente para os cofres da Coroa espanhola.
Com liquidez econômica, a monarquia espanhola conseguiu resolver a maioria dos problemas da nação nascente. Na época, o dinheiro da América fez o que queria. Surgiram grandes escolas literárias.
Garcilaso de la Vega ascendeu como a figura mais importante da poesia, fechando o século XV com o seu nascimento e abrindo-se ao século XVI. E outras figuras brilharam: Miguel de Cervantes, San Juan de la Cruz ou Fray Luis de León.
Primeiro renascimento espanhol
Durante o reinado de Carlos V (entre 1516 e 1556) é quando se fala formalmente de um Renascimento espanhol.
Aqui, os poetas da chamada “Escola Italiana”, como Juan Boscán e Garcilaso de la Vega, foram responsáveis por introduzir formas poéticas e temas comuns na poesia lírica italiana na Espanha.
Estamos falando de poemas de tendência secular, típicos do poeta Petrarca.
Para se opor à tendência italianizante trazida por Garcilaso e Boscán, o poeta Cristóbal de Castillejo ensinou as tradições poéticas castelhanas, baseadas no legado de Juan de Mena.
Este último, apesar das novas tendências, não deixou de ser o poeta mais lido e estudado do século XVI em toda a Espanha.
Segunda Renascença Espanhola
Este período coincide com o reinado de Felipe II (entre 1556 e 1596). Aconteceu em um momento bastante obscuro da história espanhola, produzido pela Contra-Reforma.
A Contra-Reforma foi um movimento de reação contra as ideias reformistas de Martinho Lutero, nascido sob a ideologia do protestantismo. Essas ações tomadas pela igreja cortaram os laços da Espanha com o resto da Europa.
Isso fez com que os livros vindos da Itália e de outros países deixassem de circular, assim como o conhecimento gerado nas demais nações.
Uma das consequências dessas decisões foi o aumento dos aspectos católicos tradicionais. Houve também uma separação marcante entre o profano e o religioso, que durante o desenvolvimento da literatura medieval se misturou.
Um ar de pessimismo, produto do confinamento intelectual, foi respirado nos espaços e aos poucos foi passando para a literatura desenvolvida na Espanha naquela época.
Mas o antropocentrismo foi notado na Espanha. Tudo no mundo foi feito segundo e segundo a medida do próprio homem. Por razões óbvias, isso também se refletiu na literatura.
A razão prevaleceu sobre os sentimentos e as emoções, gerando um equilíbrio necessário tanto na arte quanto no pensamento.
O espanhol representava o ideal perfeito do poeta cavalheiresco, situação muito comum naquela época em que os guerreiros costumavam escrever seus feitos em versos, alguns alcançando certa fama, como Garcilaso de la Vega.
Nessa tendência antropocêntrica ou humanista, a realidade do mundo foi deixada de lado. O poeta não tomava como verdadeiro o que percebia, mas descrevia o mundo como deveria ser. Houve uma marcada idealização das circunstâncias e acontecimentos.
Características da literatura renascentista espanhola
A literatura do Renascimento espanhol tem particularidades bem definidas, tendo como base primordial a tradição da poesia medieval. As cantigas estiveram presentes, assim como os cânticos de Natal e a chanson de geste, razão pela qual o Marquês de Santillana e Juan de Mena tiveram uma influência notória nesta fase literária.
Entre as características mais marcantes deste período podemos citar:
A persistência do verso octossílabo
Os versos de arte menores são aqueles que têm menos de 9 sílabas métricas, e o verso octossílabo é o recorrente na poesia renascentista espanhola.
O italianismo de Garcilaso e Juan Boscán
A influência de Petrarca, carregada por Boscán e De la Vega, prevaleceu em muitos aspectos para a chamada lírica provençal herdada da Idade Média espanhola.
O profano e cotidiano, o simples amor do homem como instrumento para se dignificar, são os temas da literatura durante o Renascimento espanhol.
novas métricas
Versos hendecassílabos (11 sílabas) e heptassílabos (7 sílabas) são incorporados às criações poéticas.
Rima
A rima consonantal é o som que ocorre após a vogal tônica e que coincide em sua totalidade. Isso acontecia, claro, nas últimas palavras de cada verso, gerando um som agradável ao ouvido.
A écloga, a ode e a epístola: os gêneros mais usados
As éclogas surgiram da mão de Garcilaso tratando de questões relacionadas à vida pastoral, sendo a Écloga de Salício e Nemoroso o mais reconhecido. A ode foi uma forma amplamente utilizada na qual o poeta captou suas profundas reflexões sobre a vida e a existência.
As epístolas, ou cartas, por sua vez, cumpriam um papel comunicativo necessário na época. Os escritores os usavam para transmitir claramente seus pensamentos e situações de vida.
Os temas
Entre os temas mais destacados estava o amor, porém, este se manifestou em sua versão platônica, ou seja, virtuosa, raramente correspondida. A natureza foi o meio preferido e grande protagonista da literatura do Renascimento espanhol.
A mitologia, por sua vez, era usada de duas maneiras: ou como centro em torno do qual girava toda a realidade poética, ou como ornamento para realçar as qualidades da beleza feminina.
A linguagem
A linguagem na literatura desse período se caracterizava por ser simples e natural. Nota-se um distanciamento da linguagem elaborada.
Autores e obras em destaque
Juan Boscan (1492-1542)
Tocam
poemas
– “À tristeza”.
– “O rouxinol que perde seus filhotes”.
– “O que vou fazer, porque te amo” (Canção V).
sonetos
– “O amor é naturalmente bom em si mesmo”.
– “Estou carregado de mim onde quer que eu vá”.
– “Como o homem triste que é julgado até a morte”.
– “Doce para sonhar e doce para lamentar”.
– “Garcilaso, você sempre aspirou ao bem”.
– “Quem disse que ausência causa esquecimento”.
– “Sou como quem vive no deserto.”
– “Um novo amor me deu um novo bem”.
Garcilaso de la Vega (1501-1536)
Tocam
dísticos
– “A Boscán, porque na Alemanha ele dançou em um casamento”.
– “Para um jogo”.
– “Carol”.
– “Vou sair daqui”.
éclogas
– Essa vontade honesta e pura.
– O doce lamento de dois pastores.
– No meio do inverno é quente.
sonetos
– “Os braços de Daphne já estavam crescendo”.
– “À entrada de um vale, num deserto”.
– “Oh, ciúme do amor, freio terrível”.
– “Minha senhora, se eu estiver ausente de você”.
Frei Luís de León (1527-1591)
Tocam
poemas
– “Para Felipe Ruiz”.
– “Noite serena”.
– “Profecia do Tejo”.
– “Vida de aposentado”.
sonetos
– “Quando paro para contemplar minha vida”.
– “Questões de amor”.
São João da Cruz (1542-1591)
Tocam
Poesia
– “Entre em mim onde eu não sabia”.
– “Vivo sem viver no meu”.
– “Um pastorcito só é punido”.
– “No princípio habitava.”
Prosa
– Subida ao Monte Carmelo.
– Noite escura da alma.
– Canção espiritual.
– Chama viva do amor.
Miguel de Cervantes (1547-1616)
Tocam
romances
– O Engenhoso Senhor Dom Quijote de La Mancha.
– A galateia.
– Viagem ao Parnaso.
Teatro
– Tragédia de Numancia.
– Tratado de Argel.
comédias
– A casa do ciúme.
– O divertido.
– Pedro de Urdemales.
aperitivos
– O rufião viúvo chamado Trampagos.
– Tenha cuidado.
– O velho ciumento.
poemas
– Ao túmulo do Rei Felipe II em Sevilha.
– Na entrada do Duque Medina em Cádiz.
Referências
- Literatura Espanhola do Renascimento (S. f.). Recuperado de: es.wikipedia.org
- Lopez Asenjo, M. (2013). Contexto histórico e sociocultural do Renascimento na Espanha. Recuperado de: masterlengua.com
- Literatura renascentista na Espanha (S. f.). Recuperado de: rinconcastellano.com
- Notas sobre a literatura espanhola do Renascimento (S. f.). Recuperado de: blocs.xtec.cat
- O Renascimento e o Barroco (S. f.). Recuperado de: hiru.eus
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